O Secretário de Estado dos EUA, John Kerry, acusa as eleições sírias de serem “farsa” e de “zombarem da democracia”. É o que Kerry diz. Porém, o que ele NÃO diz é o que realmente importa, e mais uma vez a imprensa hegemônica faz vista grossa.
Kerry e a imprensa esquecem-se de dizer quem são os “Amigos da Síria”, grupo de países formado pela França após o veto de China e Rússia contra a intervenção no Conselho de Segurança da ONU, que tem entre seus membros a Arábia Saudita e o Catar, duas monarquias absolutistas, não laicas, completamente anacrônicas e obviamente muito menos evoluídas em quesitos democráticos do que a Síria. O objetivo desse grupo, formado por cerca de 70 países, é o de deslegitimar o governo Sírio e o de desautorizar a ONU, cujos mecanismos de voto e veto não se quis respeitar.
Kerry e a imprensa também não dizem que a Coalizão Nacional Síria é um grupo de expatriados sírios com baixíssima representatividade, sem admiração de quase ninguém que more hoje na Síria, sediados em Londres e bancados pelos interesses ocidentais – São candidatos a marionetes, a serem controlados pelo ocidente em uma desejada nova ordem da Síria e do Oriente Médio. O CNS acaba de ter seu status elevado a “missão” pelos “Amigos da Síria”, um grupo que se criou para formar oposição, como já foi dito, ao legitimo veto do CSONU contra o governo soberano - ao menos até que se prove o contrário – sírio, o atual, que até 2010 era visto pelo ocidente, nas palavras de Hillary Clinton, como um governo liderado por um reformista. Naquele ano, Bashar al Assad e sua esposa foram recebidos com as devidas honras de Estado por Obama. O Braço Armado do CNS, o chamado “Exército Sírio Livre”, é um bando de mercenários contratados, que nem sempre lutam conforme as ordens que lhes são dadas. Confundem-se, com os anseios ocidentais, os anseios islamitas de grupos vindos de todas as partes. Confrontam-se Exército Sírio Livre, Jabat Al Nusra, ISIS, e todos os islamitas de várias partes do globo, incitados pelos seus Sheiks a restaurarem o império Omiada pela deposição de Bashar Al Assad.
Kerry e a Imprensa esquecem-se também de dizer que o salafismo, o wahabismo e toda sorte de movimento sectário islamita que foi criado ou fomentado pela CIA de Ronald Reagan, George Bush Pai (chefe da CIA na década de 1980 e posteriormente presidente dos EUA), e que lotam contra o governo de Bashar al Assad ao lado do Exército Sírio Livre, ainda que disputem territórios entre si, não é passível de ser controlado. A cegueira em que tais seres foram criados, em escolas – como as da Arábia Saudita – onde a religião se sobrepõe ao saber humano e a palavra do Sheik é lei, tornou seus corações endurecidos fechados para tudo o que lhes parece exterior, exótico – Para os sectários, sacrificar um ser humano de outra religião é como matar um boi para comer. Nada contra status e direitos do boi, mas a cultura humana que nos une, Cristãos e Muçulmanos, em tese, torna a morte de um igual mais enojante que a morte de um animal. Kerry não menciona que a ajuda a tais grupos, dos quais tenta-se inutilmente separar algo midiaticamente nomeado como “oposição moderada”, constitui-se de dinheiro, armamento, apoio estratégico, hospitais de campanha.
Mas, de tudo o que foi mencionado, o maior esquecimento de Kerry e da imprensa hegemônica ocidental é o fato de que todos sabem que Assad é, ainda, o preferido do povo Sírio. E a guerra do ocidente contra a Síria só fez com que Assad ganhasse mais apoio ainda. Ele ganhará a eleição convocada para 3 de junho, com folga, e os EUA e o ocidente sabem disso. Sendo assim, onde mora a “farsa”? E quem está “zombando da democracia”? A única farsa aqui é a defesa da democracia por parte dos EUA. Sendo a democracia a vontade do povo, Kerry e os EUA, assim como todos os países que se dizerm “amigos da Siria”, não podem impedir que o candidato preferido concorra. O argumento que tenta-se utilizar, de que há suspeita de que Assad tenha usado Cloro contra seu povo, vem na esteira de outras denúncias de armamentos químicos – de certo sobre este tema, só existem as denúncias de Carla del Ponte de 2013, então à frente de comissão especial sobre a Síria, onde afirmou, categoricamente que quem utilizou armamento químico foram os rebeldes. Na verdade, todos sabem disso. Mas é preciso manter a Síria submissa e ameaçada. E é por isso que Kerry foi colocado para uivar, e urinar para demarcar o terreno. Mais uma farsa, burlesca, da atitude americana perante a sua derrota, e de seus aliados, na Síria.
Oriente Mídia
sábado, 17 de maio de 2014
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Eleições Sírias: O que Kerry e a Imprensa Não Dizem é o que De Fato Importa
Eleições Sírias: O que Kerry e a Imprensa Não Dizem é o que De Fato Importa
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