Peritos do FMI não compreendem o que se passa com a economia ucraniana. Até decidiram prorrogar os prazos de sua viagem a Kiev para recolher mais informações. No entanto, a segunda tranche de assistência financeira foi adiada. A maioria dos analistas entende que o país se encontra à beira de um colapso financeiro enquanto a guerra civil, desencadeada por Kiev, está destruindo os restos da infraestrutura industrial e do tecido empresarial.
Foi em abril que o FMI anunciou a concessão à Ucrânia de um crédito no valor de 17 bilhões de dólares para um prazo de dois anos. A primeira tranche, um pouco mais de 3 bilhões, foi transferida, mas a segunda ainda não. A instituição de Bretton Woods explica-o com as "rápidas mudanças que se operam no país e a necessidade de discutir com o governo ucraniano múltiplas questões importantes”.
Ao que parece, o Ocidente começa a entender que fosso profundo ele abriu tanto para a Ucrânia, como para a Europa em geral. A mídia ocidental e alguns políticos vão mudando a tonalidade de suas declarações. A agência Reuters, por exemplo, reconheceu que a economia da Ucrânia se vai arruinando devido à guerra no sudeste que se prolonga desde maio.
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O The Gardian britânico publica uma entrevista com habitantes locais que não conseguiram abandonar seus lares destruídos pelo Exército e pela Guarda Nacional. As condições de vida ali, refere a fonte, são insuportáveis: na maioria das casas não há eletricidade e gás, a telefonia celular funciona com sérios problemas. Os ataques de artilharia e aéreos aniquilaram reservatórios de água, linhas de transmissão eléctrica e gasodutos. À rede ferroviária foi causado um dano avaliado em 100 milhões de dólares.
A economia da Ucrânia, ainda antes da guerra civil, esteve à beira de um descalabro. Os novos poderes não podem inverter a situação cotando com a ajuda do Ocidente. Para receber a assistência do FMI tiveram de cortar as despesas públicas, ou seja, reduziram o número de funcionários, congelaram salários e subsídios sociais, elevaram tarifas de gás, aquecimento central, energia eléctrica sob o pano de fundo da desvalorização da moeda nacional, grívnia.
Mas um cenário ainda pior está pela frente, sustenta o observador econômico, Alexander Kareevsky:
“O Estado deixará de cobrar impostos. Por conseguinte, sem salários dignos ficarão professores de escolas, médicos, etc. Isto terá e já tem um impacto sobre o nível de vida. Se deixar de lado as conhecidas normas de etiqueta e cortesia, a Ucrânia é um país bancarrota que não pode viver sem o financiamento externo”.
O governo pretende resolver múltiplos problemas sociais com a ajuda do Ocidente. O Banco Mundial prometeu um empréstimo no montante de 300 milhões de dólares. Esta soma será destinada para a ajuda seletiva na realização de programas sociais para as camadas desfavorecidas.
No entanto, será suficiente esta importância para mudar alguma coisa? O economista Serguei Khestanov tem dúvidas acerca disso:
“Se tomar em conta que na Ucrânia há cerca de 10 milhões desfavorecidos, a soma de 300 milhões redistribuídos entre eles significa 30 dólares para cada pessoa. Por isso, esse dinheiro será gasto no âmbito de outros programas. Hoje, é muito difícil responder à pergunta a que categoria pertence uma ou outra família ucraniana. Ou se trata de programas de educação, visando elevar a competitividade de pessoas desfavorecidas no mercado de trabalho. A soma em si é muito pequena para poder prestar uma assistência real”.
Os relatos sobre o estado econômico da Ucrânia têm sido tão desanimadores como as informações militares procedentes do sudeste. Veja alguns dados mais recentes: em junho, as reservas oficiais diminuíram 5%. As empresas estão sofrendo prejuízos colossais que aumentaram 5 vezes em relação ao período análogo do ano passado. A sementeira fracassou devido aos preços de combustível que subiram 35-40%. O pão encareceu em 30-70% enquanto os principais produtos alimentícios registaram uma dupla ou até tripla subida de preços. O gás não vai chegar para o próximo período de aquecimento. Segundo a companhia Naftogaz, será necessário fornecer aos depósitos no mínimo 6 bilhões de metros cúbicos de gás.
Tais problemas candentes não serão solucionados através de tranches ocidentais. Essas últimas serão suficientes apenas para servir a dívida. Por isso, perante tal cenário, Piotr Poroshenko irá enfrentar já no inverno novos abalos sociais. Se não acontecer algo grave antes disso.
Voz da Rússia
terça-feira, 8 de julho de 2014
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FMI poderá salvar Ucrânia do colapso financeiro?
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