Putin não precisa ceder ao “ocidente” linha-dura - Noticia Final

Ultimas Notícias

Post Top Ad

Responsive Ads Here

Post Top Ad

sexta-feira, 3 de abril de 2015

Putin não precisa ceder ao “ocidente” linha-dura


De Naked Capitalism: Quando as sanções foram impostas e arrochadas contra a Rússia e os preços do petróleo desabaram, a sabedoria convencional na mídia-empresa norte-americana era que o povo russo não toleraria declínios nos seus padrões de vida, e, portanto, Putin estaria com os dias contados.

O que aconteceu foi que os níveis de aprovação de Putin chegaram à estratosfera e até os seus mais acérrimos oponentes na intelligensia de Moscou já se alinharam ao seu lado e sob suas ordens.

Alguns analistas destacaram que sanções só muito raramente levaram a algum dos resultados esperados e dificilmente funcionariam contra a Rússia. Essa visão tornou-se mais forte, quando se viu com mais clareza que a Rússia é menos dependente do que se assumia que fosse dos ganhos do petróleo e que as reservas russas em moedas estrangeiras já se haviam estabilizado.
Putin observando o front...
Tudo calmo no front ocidental – tão calmo quanto pode ser um conflito entre superpotências mundiais. Desde o acordo de cessar-fogo de fevereiro, há calma relativa na Ucrânia e os eventos em outros pontos – Irã e Iêmen – atraíram o foco global. Mas a relação frígida entre EUA e Rússia não é menos assustadora, e o antagonismo, não a cooperação, permanece comomodus operandi. Parece que os impasses persistirão, no longo prazo, mas algum dos lados tem os meios para suportar esse resultado? E se não têm, quem rachará primeiro?

A avaliação dominante diz que a Rússia não suportará. À primeira e superficial vista, parece ser avaliação justa. O Banco da Rússia prevê que a economia encolherá entre 3,5 e 4% em 2015, e mais 1% em 2016; o rublo, embora estável, continua cerca de 40% abaixo de onde estava em junho do ano passado. No geral, o ex-Ministro das Finanças, Alexei Kudrin, crê  que os eventos na Crimeia custarão à economia russa cerca de 200 bilhões ao longo dos próximos três ou quatro anos.

Mas, embora a situação política e econômica esteja coberta de zonas cinzentas, ninguém tem mais talento para converter cinza em verde, que o Presidente Vladimir Putin.

Iniciando seu 16º ano ao timão – estou contando 2008-2012 – Putin enfrenta situação não muito diversa do seu primeiro ano no governo: economia em frangalhos, queda nos padrões de vida, fuga forte de capitais e baixo investimento externo direto. A demografia da Rússia parece bem e o mercado de ações está no pico do corrente ano, mas no curto prazo, os macro indicadores do país não estimulam grandes esperanças.

Aprovação de Putin na Rússia
Agora, como em 2000, Putin surfará sobre o petróleo até alcançar águas mais calmas. Quanto a isso, o Banco Mundial prevê crescimento favorável dos preços até o fim do primeiro quarto do século. À altura de 2018, o Ministro do Desenvolvimento Econômico da Rússia, Alexei Ulyukaev, espera que a economia supere globalmente as economias de alta renda. A longevidade de tal estratégia é questionável; é arriscada – e provavelmente é a única via de ação realista – mas Putin não tem de esperar pelo fim do tratamento doloroso; quem tem de esperar são seus concorrentes.

Na Europa as rachaduras já começam a aparecer.

Dia 16/3/2015, os EUA efetivamente tiraram da mesa a possibilidade de aliviar as sanções – o Departamento de Estado continuará a apoiar e a aplicar sanções enquanto a Rússia continuar “a ocupação da Crimeia”. A Alemanha, afinada com os EUA, permanece comprometida com a causa, e a chanceler alemã Angela Merkel reiterou a ideologia partilhada dos dois países, em declarações ao Conselho Europeu dia 19 de março. No mesmo dia, líderes da União Europeia coletivamente decidiram apoiar as sanções até que o acordo de Minsk mostre resultados. Mas individualmente as agendas diferem profundamente.

Funcionários da União Europeia creem que cerca de metade das nações-membros estariam prontas para aliviar as sanções. Dentre os que mais têm falado do próprio descontentamento com as sanções estão Áustria, Chipre, Hungria, Itália, Grécia, Eslováquia e Espanha.

A Grécia, em especial, aproxima-se da Rússia, passo a passo. O país está à beira da bancarrota e tem ainda de acertar com a União Europeia as condições do “resgate”. O Primeiro-Ministro recém eleito, Alexis Tsipras, tem reunião marcada com Putin em Moscou, dia 8/4/2015 – reunião que, para muitos, servirá para fixar um plano alternativo ao financiamento pela UE. A viagem de Tsipras acontece imediatamente depois do retorno de Ministro de Energia, Panagiotis Lafazanis, dia 31/3/2015, que visitou a Rússia com o objetivo de assegurar que os russos participarão na concorrência para exploração de petróleo e gás em mar profundo, no Mar Iônico.

Viktor Orban e Vladimir Putin (17/1/2015)
Na Hungria, Putin e o Presidente Viktor Orban concluíram o acordo para um empréstimo equivalente a US$ 10,8 bilhões, com o qual a Rússia estará financiando a expansão da usina nuclear húngara de Paks. Seja essa ajuda real ou não, a mensagem de Putin à União Europeia é bem clara: não conseguirão deter a Rússia.

O número crescente de novos e bons acordos deixa bem claro os reais limites das sanções – não há muito mais o que sancionar – e demonstram que ninguém quer ser o último a chegar à mesa, quando que as sanções forem oficialmente retiradas.

A Rússia tem tremenda oportunidade para crescer e não lhe faltam amigos – a leste e a oeste. Por enquanto, Putin não precisa ceder aos europeus e norte-americanos linha-dura.
____________________________________________

[*] Colin Chilcoat é um especialista em assuntos de energia instituições políticas da Eurásia. Atualmente vive e escreve desde a antiga capital mundial do petróleo (Tulsa, Oklahoma – EUA).


Redecastorphoto

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Post Top Ad