Viaturas do Sistema russo Iskander M
Após desafiar o governo Barack Obama, no início da década, ao contratar assessoria paquistanesa para montar uma força própria de mísseis de médio e longo alcance – instrumentalizada por meio da compra de mísseis chineses –, o Ministério da Defesa da Arábia Saudita acaba de tomar mais uma atitude polêmica, do ponto de vista político-militar: encomendar à indústria de armamentos russa o míssil tático terra-terra Iskander, para a defesa das suas fronteiras meridionais, com o Iêmen.
Será a primeira vez que os militares sauditas comprarão uma arma feita na Rússia, e o argumento do governo de Riad é o de que suas tropas necessitam de um vetor capaz de alcançar as viaturas lançadoras dos mísseis Scud que estão de posse dos rebeldes Houthi. Apoiados pelo Irã, os houthis depuseram o presidente constitucional do Iêmen, Abd Mansur Al-Hadi, e agora controlam largas zonas interioranas do território iemenita.
As Forças Armadas sauditas comandam uma coalizão de tropas árabes que tenta, por meio de ataques aéreos maciços e de bombardeios terrestres, debilitar os enclaves de guerrilheiros houthis.
A imagem, captada de um filme, mostra o momento do lançamento de um Iskander M
Afronta – O afastamento entre as administrações de Washington e de Riad se agravou depois que, em 2013, o presidente Barack Obama resistiu a um apelo pessoal do então Rei saudita, Abdullah bin Abdul Aziz Al-Saud, de 90 anos, para que tropas americanas liderassem uma força de intervenção na Síria, com o objetivo de depor o governo do ditador Bashar Al-Assad.
A negativa de Obama foi considerada, na elite da sociedade saudita, uma afronta ao velho rei (falecido em 2015), que, anos antes, apoiara com decisão a política de sanções americana contra o Irã, e também duas guerras no Golfo contra o presidente iraquiano Saddam Hussein.
Agora, quem deve ganhar com tudo isso é o presidente russo Vladimir Putin, que tem a economia do seu país enfraquecida por causa do baixo valor do barril de petróleo, e necessita de todas as divisas estrangeiras que puder obter – como os petrodólares sauditas.
A indústria bélica russa fabricou quatro modelos de míssil Scud, e vendeu ao Exército iemenita o Scud-B – um dos mais antigos –, que começou a ser produzido há nada menos do que 51 anos…
A versão B mede 11,2 m de comprimento, pesa 5,9 toneladas e foi projetada para alcançar alvos com precisão (erro máximo de 450 m) a distâncias em torno dos 300 km.
O míssil balístico de curto alcance 9K720 Iskander foi projetado na metade inicial dos anos de 2000, em duas versões: a E, para atingir alvos próximos, situados a até 280 km de distância; e a M, de alcance entre 400 e 500 quilômetros.
Iskander M com dois mísseis à mostra; notar que as escotilhas dos mísseis abrem para o lado
São Petersburgo – A informação sobre a negociação em torno do Iskander foi confirmada, no último dia 3, pelo diretor-geral-adjunto da Rosoboronexport – agência de comercialização de material de Defesa da Rússia –, Igor Sevastyanov. E talvez isso não seja tudo.
Segundo Sevastyanov, durante a feira naval internacional de São Petersburgo, no começo do mês, uma delegação saudita conheceu de perto alguns modelos de navios-patrulha porta-mísseis e embarcações de guarda-costeira fabricadas pelos estaleiros de seu país.
Sabe-se que, na terceira semana de junho, militares sauditas já haviam estado em um campo de provas do Exército nos arredores de Moscou, para testemunhar demonstrações de diferentes viaturas e helicópteros militares, no âmbito do Forum Exército 2015, organizado pela força terrestre local.
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