Os ministros Jaques Wagner (à esquerda) e Al-Obeidi, ouvem a execução dos hinos nacionais dos seus países no alto da escadaria do Ministério da Defesa do Iraque, em Bagdá, no início da noite de terça-feira passada (11.08)
O ministro da Defesa do Brasil, Jaques Wagner, fez uma rápida e discretíssima viagem de pouco mais de 24 horas a Bagdá, entre os dias 11 e 12 deste mês – terça e quarta-feira da semana passada.
Uma fonte do Ministério da Defesa contou à coluna INSIDER que o ambiente de sigilo que cercou a visita foi recomendado expressamente pelo Ministério das Relações Exteriores, que temia que a presença do ministro na capital iraquiana atraísse algum tipo de ofensiva do Estado Islâmico ou de outro grupo terrorista à capital iraquiana, e aconselhado também pela presidenta Dilma Roussef.
Wagner reuniu-se, na sede do Ministério da Defesa do Iraque com o seu colega Khaled Yassin al-Obeidi, um membro do Parlamento local que foi engenheiro da Força Aérea e recepcionou seu convidado metido numa farda verde. O visitante brasileiro estava acompanhado de sete funcionários do Itamaraty, entre diplomatas acreditados em Bagdá e executivos do setor de Promoção Comercial de sua Chancelaria.
Os iraquianos querem comprar armamentos brasileiros, e essa não é, propriamente, uma novidade.
Wagner já tivera a oportunidade de discutir o assunto diretamente com as autoridades de Defesa iraquianas: a primeira vez durante a LAAD 2015, na primeira quinzena de abril passado, no Rio, e a segunda no dia 2 de junho, quando recebeu em seu gabinete de Brasília uma delegação iraquiana liderada pelo ministro das Relações Exteriores Ibrahim Al-Jaafari.
2 de junho: Wagner recebe em seu gabinete o chefe da diplomacia iraquiana, Al-Jaafari
Astros 2 – Os militares do Iraque demonstraram especial interesse nas viaturas lançadoras de foguetes Astros 2, fabricadas pela companhia paulista Avibras, que disparam foguetes terra-terra, de saturação de fogo de artilharia, a distâncias entre 30 e 90 quilômetros. E também mencionaram o desejo de obter maiores informações sobre a produção brasileira de blindados 6×6 de transporte de tropas da família Guarani, produzidos pela Iveco Latin America no município mineiro de Sete Lagoas.
Entre os armamentos para forças terrestres poderão ser incluídos também nessa negociação os lança-rojões que vem sendo desenvolvidos pela indústria nacional, além de armas portáteis e munições.
Os iraquianos pareceram igualmente dispostos a examinar a aquisição de um lote de aviões turboélices de ataque A-29 Super Tucano, da Embraer, bem como de armas aéreas, como mísseis e bombas.
O ministro da Defesa do Brasil ainda ofereceu vagas nas principais academias e escolas militares brasileiras para formar os jovens militares iraquianos.
Lançador de foguetes terra-terra do Sistema Astros 2, fabricado pela Avibras
Wagner e Al-Obeidi acertaram que os ministérios da Defesa dos dois países formarão uma comissão binacional para elencar os equipamentos da indústria de material de Defesa do Brasil que interessariam ao Exército e à Força Aérea do Iraque.
Cifra – Na delegação brasileira que acompanhou o ministro da Defesa ficou a impressão que as compras iraquianas podem alcançar uma cifra atraente, entre 1 bilhão e 1,5 bilhão de dólares. Mas o Itamaraty teme que, mais difícil do que fazer a venda dos equipamentos, propriamente dita, seja organizar as linhas de crédito que vão suportar essas compras por parte do governo de Bagdá.
Em uma rápida entrevista à tevê estatal iraquiana, ao final da reunião de trabalho mantida com Al-Obeidi, o ministro Jaques Wagner disse que “o mundo inteiro torce para que a paz se restabeleça no Iraque”, e acenou com “cooperação para passar os nossos treinamentos e o nosso profissionalismo”. Nesse sentido, disse ele, “nós estamos dispostos a contribuir”.
Aviões de ataque Super Tucano pertencentes à Força Aérea Colombiana; um produto também para o Iraque?
Plano Brasil
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