Navio-patrulha costeiro Lürssen FPB 40
Por Roberto Lopes
A empresa de construção naval alemã Lürssen Defesa está lutando para não perder uma encomenda bilionária de 100 a 146 navios-patrulha de diferentes tipos e tamanhos, feita pelo governo da Arábia Saudita.
O governo da Chanceler (chefe do governo) Angela Merkel ameaça embargar as entregas de material de Defesa já contratadas pelos sauditas, como forma de punir a política de franca hostilidade de Riad em relação ao Irã e a outras potências do mundo árabe.
Berlim também lamentou a recente execução, na Arábia Saudita, de mais de 40 xiitas – inclusive um clérigo – apontados pelas autoridades locais como agentes terroristas.
A produção de 20 desses barcos-patrulha, modelo FPB 40, começou a 26 de janeiro do ano passado, no antigo estaleiro Penne Werft da cidade de Wolgast, em Mecklenburg-Volpommern – extremo nordeste do litoral alemão –, que a Lürssen encampou em maio de 2013.
O jornal alemão Die Welt ressaltou, dias atrás, que o pedido da Arábia Saudita representaria vários anos de trabalho certo para a Lürssen e seus 300 empregados.
De acordo com o Ostsee-Zeitung, o prefeito de Wolgast, Stefan Weigler, declarou que a eventual interrupção na construção dos patrulheiros “poderá ser um desastre”, porque a companhia Lürssen é um dos maiores empregadores de sua região.
Tecnologia – Alguns políticos alemães saíram em defesa do negócio da Lürssen com a Marinha saudita, argumentando que parte das embarcações encomendadas têm apenas 40 m de comprimento, 7,5 m de bôca e dois motores diesel de tipo compacto (mas que lhe proporcionam aproximadamente 30 nós de velocidade), e “não representam uma tecnologia de guerra no entendimento tradicional”, e sim um meio naval de policiamento litorâneo.
Exatamente por causa disso, esses barcos serão operados pela Guarda Costeira Saudita, subordinada não ao Ministério da Defesa, e sim ao Ministério do Interior.
Apesar de as informações sobre os valores do contrato serem sigilosas, fontes da imprensa germânica dizem que os diferentes projetos de barcos comprados pelos sauditas estão avaliados em uma faixa de preços unitários que varia entre 10 e 25 milhões de Euros.
Os navios mais caros seriam dois patrulheiros oceânicos de 60 m de comprimento.
Na verdade, setores politicos alemães vêm se opondo à negociação dos patrulheiros com os sauditas desde que esses entendimentos se tornaram públicos, em fevereiro de 2013. E isso porque consideram que o chamado Plano de Expansão Naval da Arábia Saudita (que inclui submarinos e fragatas) representa uma ameaça ao equilíbrio militar no Golfo Pérsico.
Valores – Dois anos atrás, a notícia era de que o contrato dos navios-patrulha alcançaria cerca de 1,5 bilhão de Euros (à época cerca de 2 bilhões de dólares). Em uma primeira avaliação, o Conselho Federal de Segurança da Alemanha – do qual Merkel faz parte – emitiu um parecer favorável à venda para os sauditas.
Chanceler alemã Angela Merkel
Um ano mais tarde (fevereiro de 2014), a nova coalizão de governo montada pela Chanceler Angela Merkel – com a União Democrática Cristã (conservadora) e o Partido Democrático Social (de centro-esquerda) – anunciou sua aprovação oficial à exportação de cerca de 100 patrulheiros da Lürssen ao governo de Riad, por 1,9 bilhão de dólares.
Em dezembro desse ano de 2014, foi noticiado que a Marinha Saudita estava interessada em comprar cinco submarinos à indústria naval alemã, por um valor em torno dos 2,5 bilhões de Euros (aproximadamente 3,4 bilhões de dólares), e que, no futuro, essa aquisição poderia se estender a mais 24 submersíveis.
Uruguai – A Lürssen ofereceu o mesmo tipo de navio-patrulha costeiro projetado para os sauditas à Marinha do Uruguai.
Nesse país sul-americano, a empresa alemã já está em primeiro lugar em outra concorrência, para o fornecimento de patrulheiros oceânicos. Mas em ambos os casos as quantidades são muito pequenas.
Modelo de navio-patrulha oceânico que a empresa alemã Lürssen está oferecendo à Marinha uruguaia
Os chefes militares uruguaios não têm condições financeiras de comprar mais do que dois ou três patrulheiros oceânicos e três ou quatro navios de vigilância costeira.
Plano Brasil
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