A sequência mostra a maquete do jato indo-russo MTA e, abaixo, uma concepção artística do brasileiro KC-390
Por Roberto Lopes
O programa indo-russo do Avião de Transporte Multipropósito – MTA na sigla em inglês – está “quase engavetado”.
A informação foi dada nesta segunda-feira (11.01) pelo correspondente do site noticioso americano Defensenews.com em Nova Déli, Vivek Raghuvanshi, mencionando uma “fonte do Ministério da Defesa Indiano”.
Em seu artigo, intitulado Indo-Russian Air Transport Project Falters (“Projeto Indo-Russo de Transporte Aéreo Vacila”), Raghuvanshi lembra que o programa desse cargueiro birreator aguarda uma definição sobre a sua aceitação desde 2007 – e que uma conversa do Primeiro-Ministro indiano Narendra Modi com o presidente russo Vladimir Putin no dia do Natal não serviu para reimpulsiona-lo.
Motivos para que o projeto fracasse de vez não faltam.
Os russos exigem um aumento significativo nos custos do desenvolvimento do MTA; de seu lado, os indianos estão descontentes com alguns parâmetros técnicos da aeronave como, por exemplo, o seu teto operacional (considerado muito baixo) e a motorização do aparelho proposta pela parte russa, à base dos reatores Aviadvigatel PD-14M.
A expectativa era de que a Força Aérea Indiana pudesse ficar com 45 dessas aeronaves
De acordo com o articulista, “um alto oficial da Força Aérea Indiana que não quis ser identificado” contou o seguinte:
“O avião de transporte [ainda em projeto] pode ser arquivado por três razões. Uma delas é o motor e, em segundo lugar, existem alguns conflitos internos na Rússia, entre as várias partes interessadas [no programa], que não estão permitindo o andamento desejado. Em terceiro lugar, a vida do [bimotor de transporte] AN-32 foi prorrogada e a aeronave atualizada”.
A mesma fonte teria acrescentado: “O programa MTA está tão bom quanto morto, e uma competição internacional [para satisfazer as necessidades da Aviação Militar da Índia] terá que acontecer”.
Concorrência – O MTA foi concebido para disputar mercado na faixa dos cargueiros de 20/30 toneladas e, a princípio, seus projetistas imaginaram que ele fosse disputar vendas com dois equipamentos ocidentais: o espanhol CASA C-295 e o italiano Alenia C-127J Spartan.
Para que ele representasse uma novidade de bom potencial de competitividade, seu vôo inaugural foi previsto para o primeiro semestre de 2013. Mas nada disso aconteceu, e os russos ainda passaram a divulgar o projeto do IL-214, um cargueiro anunciado como “de transporte tático”. Além disso, também Ucrânia e Brasil aceleraram os seus projetos de jatos de transporte, ambos de desenho mais compacto e, certamente, de custo operacional menor que o do MTA.
A brasileira Embraer apresentou uma mobilização internacional em torno do seu transporte KC-390, que reúne os esforços (e as promessas de compra) da República Checa, de Portugal, Chile, Colômbia e Argentina.
A companhia ucraniana Antonov reagiu com parcerias internacionais ainda mais poderosas – com a Arábia Saudita e a China – para a viabilização comercial de seu jato An-178.
O ucraniano An-178; as articulações do fabricante desse avião com as indústrias aeronáuticas da Arábia Saudita e da China surpreenderam o mercado
Manobra – A última tentativa de viabilizar o projeto MTA aconteceu em maio de 2012, quando a indústria de aviões militares indiana Hindustan Aeronautics Ltd. (HAL) assinou um acordo com a desconhecida United Aircraft Corp.-Transport Aircraft (UAC-TA), sediada na Rússia, e a joint venture Multirole Transport Aircraft Ltd. (MTAL), o que deveria fazer o projeto MTA deslanchar.
Em novembro desse ano a MTA Ltd. abriu um escritório em Bangalore, centro financeiro da Índia, dividindo os custos da operação comercial com a Rosoboronexport (agência oficial russa de exportação de armamentos) e a HAL.
A última tentativa de fazer o projeto do MTA avançar foi feita a 25 de dezembro último, durante uma conversa do Primeiro-Ministro indiano com o Presidente da Rússia; mas não deu certo
Os objetivos do grupo eram produzir 100 jatos MTA para a Força Aérea da Rússia, 45 para a Força Aérea Indiana e outras 60 unidades para o mercado internacional. Mas tudo não passou de perda de tempo e de dinheiro.
Todas as previsões de venda do MTA estão, agora, prestes a entrar para a história. Guardadas dentro de alguma gaveta.
Plano Brasil
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