O site do canal russo RT divulgou documentos do grupo terrorista Daesh e testemunhos dos militantes do Daesh feitos prisioneiros, que contaram sobre a indústria petrolífera dos islamistas e as exportações para a vizinha Turquia.
Há muito que a Rússia fala sobre o comércio de petróleo ilegal entre o grupo terrorista Daesh e a Turquia. Durante a operação aérea russa na Síria, o Ministério da Defesa russo apresentou provas convincentes de que não se trata de uma campanha difamatória contra a Turquia depois do abate do avião russo, mas sim de um fato a ser considerado por toda a comunidade internacional. Foram publicados vídeos, nos quais a aviação russa realiza ataques contra caminhões-tanque de petróleo do Daesh e instalações petrolíferas dos terroristas.
Militantes vêm da Turquia para a Síria…
As Unidades Curdas de Proteção Popular (YPG e YPJ) obtiveram diversos documentos do Daesh durante o assalto à cidade de al-Shaddadi, no norte da Síria, e os entregaram aos jornalistas do canal RT que visitaram o local. Na mesma operação, os militantes curdos fizeram prisioneiros militantes do Daesh de origem turca, saudita e outras, que falaram sobre os laços entre o Daesh e a Turquia.Um militante da origem turca confirmou que a maioria dos islamistas se junta ao Daesh vinda da Turquia e que nem as autoridades turcas, nem as forças de segurança de fronteira colocam obstáculos ao tráfego de terroristas.
Segundo ele, muitos militares turcos estão posicionados na fronteira, mas o fluxo dos que desejam tornar-se terroristas não para.
Na sua opinião, isso acontece porque a Turquia usa o Daesh em seus interesses.
“A Turquia e o Daesh têm um inimigo comum – o YPG. A Turquia não quer envolver-se nisso, quer eliminar o seu inimigo através de mãos alheias”, disse.
Como prova das suas palavras, combatentes das YPG mostraram um maço de passaportes de cidadãos de vários países, inclusive da Líbia, Tunísia, Bahrein e Cazaquistão. Todos os passaportes têm carimbos indicando a entrada na Turquia.
Estes documentos foram encontrados depois da liberação de al-Shaddadi. Os combatentes pensam que, muito provavelmente, os donos destes passaportes, que tinham de os entregar ao Daesh, já foram mortos.
© RT.
Folheto do Daesh com instruções “Como realizar um combate ideal contra o regime criminoso de Assad” e uma faixa de suicida, Síria, março de 2016
Em troca do seu passaporte, o recruta recebe um folheto de propaganda. Por exemplo, os jornalistas do RT encontraram um folheto “Como realizar o combate ideal contra o regime criminoso de Assad”. O folheto foi imprimido em Istambul, na Turquia, como mostra uma das páginas do folheto.
© RT.
Página de folheto do Daesh “Como realizar um combate ideal contra o regime criminoso de Assad”, que mostra que foi imprimido na Turquia, Síria, março de 2016
O petróleo vai da Síria para a Turquia
O ex-militante do Daesh afirmou também que a produção de petróleo no território do grupo terrorista é efetuada em volumes industriais.
“Existe um comércio de petróleo, sei disso ao certo. Além disso, [os turcos] ajudam o Daesh com alimentos e outros bens necessários. O Daesh está sob embargo e tem dificuldade de encontrar produtos alimentícios. Também prestam ajuda em forma de dinheiro, armas e munições. E tudo isso é feito abertamente”, afirmou o militante preso.
Os documentos encontrados pelos combatentes curdos no norte da Síria confirmam isso. Foram apreendidas folhas de registro do departamento de petróleo e gás do Ministério dos Recursos Naturais do Estado Islâmico onde é indicado o petróleo entregue aos motoristas de caminhões-tanque em janeiro de 2016.
© RT.
Registro de venda de petróleo, encontrado no chão do apartamento de um dos comandantes do Daesh, Síria, março de 2016
Segundo estes documentos, os motoristas receberam petróleo ao preço de 12-26 dólares por barril. A produção de petróleo foi realizada nas jazidas de Kabiba, Rejura e outros. Por exemplo, somente em 23 de Janeiro, no campo petrolífero de Kabiba, foram produzidos 383 barris de petróleo ao preço de 13 por barril, no total – 4.979 dólares.
© RT.
Um outro documento é uma carta oficial sobre a admissão de dois engenheiros na região de Al-Barak. O documento diz que as funções principais dos engenheiros serão os reparos de equipamento nas jazidas e a construção de oleodutos. No total, este departamento regional possui 17 funcionários.
O canal RT informou que, com base nos dados de sua investigação, os jornalistas estão preparando um documentário que estará pronto dentro de um mês.
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