A greve geral de 24 horas convocada pela Confederação dos Trabalhadores do Estado (ATE) contra as políticas econômica e social do governo do presidente Maurício Macri reuniu nesta quinta-feira, 11, dezenas de milhares de pessoas que foram às ruas em 15 províncias na Argentina.
Além de em Buenos Aires, as manifestações deste quinta-feira ocorreram ocorreram em Salta, Santa Cruz, San juan, Catamarca, Rio Negro, Tucumán, Chaco, Formosa, Corrientes, La Pampa, Esquel, Neuquén, Chubut, Jujuy e Mendoza.
As manifestações contaram com a participação de nove organizações ligadas à educação que integram a Frente Nacional Docente. Além de pedir a reincorporação dos trabalhadores demitidos na iniciativa privada e de servidores, os protestos repudiam também os tarifaços de serviços públicos que vêm sendo anunciados pela nova administração desde o início do ano.
Em alguns casos, as tarifas já aumentaram cerca de 300%, como no caso da energia elétrica, mas outros reajustes substantivos têm sido anunciados também nas contas de gás e no preço da gasolina, além da redução de diversos programas de assistência social criados à época da presidente Cristina Kirchner. Dados da Universidade Católica apontam aumento dos níveis de pobreza, que chegaram a 34,5% da população apenas entre janeiro e março deste ano.
Afora os tarifaços, a inflação tem tirado o sono dos argentinos. Ainda sem ter retomado um índice oficial de inflação nesses sete meses — a atual administração afirma que o índice divulgado pelo Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec) eram manipulados para baixo durante as gestões de Cristina Kirchner —, as referências de estimativas privadas calculam a alta do custo de vida em 43,6% desde janeiro. Só em maio, a inflação teria aumentado 3,5%, conforme o indicador do Congresso, baseado em pesquisas de consultorias econômicas.
Os líderes sindicais dizem que o discurso de Macri para justificar as demissões no serviço público lembram em muito os feitos à época pelo então presidente Fernando Collor no Brasil, que se tornou famoso pela cruzada contra os "marajás". Na Argentina, Macri não tem poupado críticas aos chamados "inhoques", os servidores que ganham e não trabalham. A ATE acusa a imprensa de mentir sobre a real situação dos trabalhadores do Estado.
"Recebemos a notícia com muita indignação (de que mais de 40% dos servidores argentinos ganham sem trabalhar), porque este governo mente. O governo quer construir seu próprio relato para poder justificar o injustificável e preparar novas demissões", disse Hugo Godoy, secretário-geral da ATE, e um dos principais organizadores das manifestações nesta quinta-feira.
Segundo cálculos preliminares dos sindicalistas, desde que Macri assumiu a presidência em dezembro do ano passado, cerca de mil pessoas são demitidas por dia. Por outro lado, os sindicalistas denunciam que, ao contrário da maioria esmagadora da população, órgãos e setores próximos ao novo governo vêm sendo beneficiados por aumentos salariais. Segundo Godoy, níveis gerenciais têm recebido aumentos de salários de até cinco vezes, como no caso da Superintendência de Seguros, ligada ao Ministério da Fazenda, a cargo do ministro Alfonso Prat Gay, um dos mais próximos colaboradores de Macri. Na superintendência, há notícias de salários que receberam aumentos de até 100 mil pesos.
sputniknews
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