Embaixador da Síria na ONU Bachar al-Jaafari: "O direito dos sírios não é negociável" - Noticia Final

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sábado, 29 de julho de 2017

Embaixador da Síria na ONU Bachar al-Jaafari: "O direito dos sírios não é negociável"

"e não será objeto de renúncia"


27/7/2017, Dr. Bachar al-JaafariMondialisation.ca(vídeo, em ár. e legendas em ing., Alikhbaria.Sy); transcrição e trad.ao fr. Mouna Alno-Nakhal)


Texto integral da intervenção do Embaixador da Síria Dr. Bachar al-Jaafari, no Conselho de Segurança da ONU, dia 25/7/2017

TRADUZIDO PELO COLETIVO DA VILA VUDU

Senhoras e Senhores,

A delegação de meu país reafirma a posição de princípio inalterada da República Árabe Síria quanto ao apoio ao direito do povo palestino a autodeterminação e ao estabelecimento de um Estado independente em toda a extensão de seu território nacional, com Jerusalém como capital; e a garantia do direito de os refugiados voltarem ao lar, nos termos da Resolução 194/1948.
É direito não submetido a negociação ou a renúncia, e é direito imprescritível, apesar da colonização ou da barbárie dirigida contra o povo palestino sem defesas.

O que vemos hoje na cidade de Jerusalém e da santa Mesquita Al-Aqsa ocupadas, sejam as violações cometidas pelas forças israelenses ocupantes, sejam as profanações cometidas por gangues de colonos armados que gozam da proteção das mesmas forças israelenses ocupantes, exige mais que nunca que esse Conselho ultrapasse os comunicados – contentando-se com manifestar condenação ou preocupação –, e assuma suas responsabilidades, cuidando de fazer cumprir imediatamente todas as Resoluções desse mesmo conselho relacionadas ao fim da ocupação israelense de territórios árabes; dentre essas, a Resolução nº 2.334/2016 que define a ilegitimidades das colônias israelenses nos territórios palestinos ocupados, inclusive em Jerusalém.

Quanto ao que expôs hoje pela manhã a esse Conselho o enviado especial da ONU Nikolaï Mladenov: o governo sírio não vê nenhuma justificativa à vontade deliberada daquele enviado de continuar a ignorar a natureza e os limites de seu mandato e de sua missão como "coordenador especial da ONU para o processo de paz no Oriente Médio".

Sua abordagem continua a ser inaceitável profissionalmente e moralmente, uma vez que o enviado especial recusa-se a tratar das violações e práticas ilegais repetidas de Israel no Golan sírio ocupado, além de nada dizer sobre o posicionamento da ONU quanto à ocupação do Golan desde junho de 1967. Isso, apesar das dezenas de Resoluções aprovadas por essa organização internacional e notadamente pelo Conselho de Segurança.

Sob essa monstruosa ocupação racista que já dura quase meio século, os cidadãos sírios do Golan ocupado sofrem diariamente os crimes mais odiosos em razão da política de Israel, feita de repressão, discriminação, prisões, torturas, simulacros de processos de paz, além de serem privados de todos os próprios recursos naturais, do seu direito de estudar segundo o programa de educação nacional da Síria, do seu direito de portar a identidade nacional síria, do seu direito de construir os próprios hospitais … Mais de meio século de campanhas de colonização e confisco das terras e dos bens das terras e dos bens deles!

Senhor presidente desse Conselho, 

Parece que o coordenador especial não tendo se contentado com ignorar que Israel apoia diretamente os grupos armados terroristas na zona de separação do Golan sírio ocupado, inclusive os que participam da organização Daech e da Frente al-Nosra, e facilita a passagem desses terroristas através da linha do cessar-fogo, fez mais. Parece que decidiu, desprezando toda a objetividade, justificar as agressões das forças israelenses de ocupação contra as posições do Exército Árabe Sírio, e disse, como o senhor ou ouviu dizer hoje pela manhã, que aquelas agressões teriam vindo como resposta à "um obus disparado do lado sírio, contra o lado israelense".

Que o senhor coordenador especial permita-me começar por algumas correções e precisões:


– o que ele designa como "lado israelense" são terras sírias hoje sob ocupação de israelenses; 

– que o exército israelense de ocupação dá apoio logístico aos grupos terroristas armados a partir desses mesmos territórios ocupados e é rápido para atacar posições do Exército Árabe Sírio cada vez que os sírios derrotam aqueles grupos armados na zona de separação entre os dois exércitos;

– que a aviação militar israelense atacou posições do Exército Sírio quando os sírios atacavam a organização terrorista Daech na cidade de Palmyra, muito distante do Golan ocupado!


A pergunta é: Sr. Mladenov estará pois decidido a justificar o apoio que Israel garante ao terrorismo e seus ataques contra o Exército Árabe Sírio que dá combate aos terroristas?

Considerada sua função, melhor faria o Sr. Mladenov se manifestasse a preocupação da ONU depois de o acordo de desescalada – firmado recentemente entre os presidentes russo e norte-americano em Hamburgo – ter sido rejeitado pelo chefe do governo israelense de ocupação. E acordo que visa a fazer cessar as hostilidades nas regiões sul da República Árabe Síria, como prelúdio à total eliminação de grupos terroristas armados, os mesmos grupos que Israel protege!

Para provar e para o necessário registro histórico, convido o Coordenador Especial a tomar conhecimento de documentos e relatórios sucessivos preparados por sua compatriota búlgara, a jornalista Dilyana Gaytandzhieva, publicados no diário búlgaroTrud. São registros de repetidos negócios de compra de armas na Bulgária, por centenas de milhões de dólares, destinadas aos grupos terroristas armados na Síria e precisamente aos grupos que atacam no sul da Síria.

Armas encaminhadas da Bulgária até o porto saudita de Jeddah, a bordo de barcos que navegam sob bandeira de estados-membro da ONU, ou a bordo de aviões civis que pertencem a governos de estados-membros, protegidas em malotes diplomáticos para alguns deles; o financiamento garantido sempre pelos Estados do Golfo.

Voltarei a esse assunto em detalhes, Sr. Presidente, quando discutirmos os problemas da luta contra o terrorismo, numa próxima sessão.

Senhor Presidente, 

Parece também que o coordenador não ouviu falar da decisão ilegal, tomada recentemente pelas autoridades da ocupação israelense, de organizar eleições de "conselhos locais" nas cidades do Golan sírio ocupado, conforme a lei de Israel.

Uma decisão que é flagrante violação da Carta das Nações Unidas, do direito internacional humanitário, das convenções de Genebra relativas à proteção de pessoas civis em tempos de guerra, das resoluções do Conselho de segurança, em especial da Resolução nº 497 adotada por voto unânime dia 17/12/1981, e que rejeita a decisão de Israel de anexar o Golan sírio ocupado e considera que essa decisão tomada por Israel, de impor suas leis, sua jurisdição e seu governo no território sírio do Golan é nula e não reconhecida, sem qualquer efeito jurídico no plano internacional.

Não só a República Árabe Síria rejeita categoricamente essa decisão israelense, mas também reafirma:


– que o Golan permanecerá parte indivisível do território sírio;

– que o Golan retornará à pátria-mãe;

– que o direito soberano da Síria sobre o Golan vigente dia 4/6/1967 permanece, que não é negociável, que não será objeto de qualquer tipo de renúncia, venha de quem vier; e

– que a nossa terra síria usurpada retornará aos legítimos proprietários e que os colonos israelenses sairão de lá, cedo ou tarde.


E nesse mesmo contexto, o governo de meu país pede ao Conselho de Segurança que pressione Israel para que liberte imediatamente os prisioneiros sírios, com especial atenção a Soudki al-Makt, conhecido como o "Mandela sírio":


Depois de passar 27 anos nas prisões da ocupação, esse resistente sírio acaba de ser condenado a 14 anos de prisão por ter revelado por som e imagem o apoio logístico que as forças israelenses de ocupação dão aos grupos armados terroristas na zona de separação no Golan e no sul da Síria.


Senhor presidente, 

A Síria avalia que o Conselho de Segurança está hoje diante do dever e da responsabilidade histórica de corrigir a trajetória para repor as coisas no seu justo lugar, porque o que nos reúne aqui, há décadas, é buscar pôr fim à odiosa ocupação israelense, não discutir e rediscutir periodicamente e inutilmente – com alguns que se beneficiam de intercalar assuntos que absolutamente nada têm a ver com a discussão e que nos afastam do que deve ser nosso objetivo de todos.

Lembrem-se, senhoras e senhores, que Israel está construído sobre a falsificação da história, sobre massacres de populações autóctones e sobre a colonização violenta de terras que pertencem ao povo palestino.

Lembrem-se também que Israel é o único país do Oriente Médio armado com arsenais de armas nucleares, biológicas e químicas.

Lembrem-se, por fim, que o terrorismo e a destruição que assolam nossa região, desgraças sem precedentes no mundo, acompanham passo a passo as tentativas repetidas, por alguns membros desse conselho, para desviar o objetivo dessas sessões intituladas "a situação no Oriente Médio", sempre para continuar a proteger e encobrir a ociosa ocupação israelense.


Obrigado, senhor presidente. [assina] Bachar al-Jaafari

Um comentário:

  1. Israel, EUA e inúmeros outros países europeus, deveriam possuir em suas leis a mesma definição de soberania; os mesmos critérios de respeito à soberania e cultura dos povos distintos no planeta. Mas a ganância, a sede de poder, manipulam as religiões, as notícias nas mídias e trazem flagelo e aflições no mundo todo, principalmente em países menos preparados culturalmente para enfrentá-los. As guerras, o terrorismo e a alienação cultural é alimentada no mundo todo pelos mais poderosos, que são psicopatas existenciais de espírito; por não considerarem outros humanos menos favorecidos territorialmente, como sendo seus iguais. Esses governantes hipócritas encontrarão a desolação no fim de suas vidas, pela incompetência em gerir forças e recursos contra a evolução humana na Terra. Que Deus tenha misericórdia desses tantos, que infestam os governos dos países subdesenvolvidos e em desenvolvimento.

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