Negociata nuclear entre Paquistão e Arábia Saudita é pouco provável, mas assustadora - Noticia Final

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terça-feira, 12 de novembro de 2013

Negociata nuclear entre Paquistão e Arábia Saudita é pouco provável, mas assustadora

A mídia mundial explodiu na semana passada com a notícia de que a Arábia Saudita teria esperado receber nos próximos tempos uma bomba atômica do Paquistão. Segundo alguns dados, as autoridades sauditas investiram meios consideráveis no programa nuclear do Paquistão e podem a qualquer momento receber do Islamabad armas nucleares.

Há opiniões de que estes boatos teriam sido ligados ao recente agravamento das relações entre Washington e Er-Riad. Contudo, o próprio tema dos armamentos nucleares da Arábia Saudita surgiu há muito no campo mediático.

Na opinião de peritos, os dois países começaram a cooperar nesta área ainda nos anos 90. Naquela altura, Er-Riad e Islamabad acordaram que os meios investidos seriam devolvidos em espécie no caso de ameaça de crise no Oriente Médio. Agora, passados 25 anos, esta ameaça, pelo visto, se tornou realidade.

Como se entende, o Paquistão está apartando-se desta história. Como declarou à Voz da Rússia o diretor do centro de pesquisas paquistanês Al-Bab, Jazem al-Taqi, a Arábia Saudita não tem quaisquer condições para posse e depósito de armas nucleares:

“Mesmo o depósito de armas nucleares exige a formação de uma infraestrutura, a preparação de especialistas e o controle deste processo a um alto nível científico. Se não houver tais condições, resta adquirir o produto já fabricado em conjunto com o pessoal completo de especialistas para a manutenção destas armas. Trata-se de meios enormes mesmo para a Arábia Saudita”.

Deste ou de outro modo, a maioria dos peritos considera que, levando em consideração a situação atual, o Paquistão não possa cumprir aquela promessa. É assim que sustenta também o diretor do Centro de Energia e Segurança, Anton Khlopkov:

“A meu ver, o problema consiste em que não conhecemos as condições em que haviam cooperado militares do Paquistão e da Arábia Saudita na altura do desenvolvimento das armas nucleares paquistanesas. Há muitas especulações e suposições em torno deste tema. Não se pode excluir o cenário divulgado pela mídia. Ao mesmo tempo, afigura-se que o Paquistão não esteja muito interessado hoje em transferir não apenas cargas atômicas de combate para a Arábia Saudita, mas também quaisquer tecnologias nucleares”.

A vizinhança com o Irã pode ser mais uma causa do comedimento paquistanês, sustenta o dirigente do Instituto de Orientalística e Africanística Aplicada, Said Gafurov:

“Não penso que o Paquistão possa vender uma bomba atômica à Arábia Saudita, porque tem ao lado o Irã, hostil em relação a Arábia Saudita. Ultimamente, as relações entre o Irã e o Paquistão melhoraram. O Irã tem nas mãos as chaves da segurança do Paquistão, em que se formou uma situação complexa entre os sunitas e xiitas. O país está segurado apenas pela boa vontade do Irã que envida esforços para apaziguar seus correligionários xiitas do outro lado da fronteira”.

É pouco provável que a Islamabad oficial aceite a negociata. Ao mesmo tempo, uma entrega não autorizada é impossível por causa de um controle bastante duro das armas nucleares. Vladimir Averchev, membro do Conselho para a Política Externa e Defensiva, considera:

“Apesar de transes políticos, no Paquistão nunca surgiram problemas ligados ao controle das armas nucleares que não apenas são controladas diretamente por militares, mas também são sujeitas a um sério controle (embora não direto) por parte de americanos. Mesmo se houver uma mínima alusão à “fuga” destas armas, tal seria há muito um objeto de especial atenção, sendo coibido sem começar”.

Pelo visto, trata-se de um lance noticioso voltado para que os participantes do jogo regional entreabram suas cartas. É difícil julgar sobre os resultados. À primeira vista, a situação tornou-se ainda mais confusa. Possivelmente, tal foi o objetivo dos autores da ideia. Sabe-se que é melhor pescar em águas turvas. Em qualquer caso, mesmo os boatos motivados no mínimo são capazes de destabilizar a situação numa região ameaçada permanentemente por uma grande guerra.

Voz da Rússia

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