Os serviços de inteligência dos Estados Unidos estão escutando o telefone do representante permanente da Rússia na ONU Vitali Churkin. Por causa disso, todas as conversas secretas e confidenciais devem ser realizadas em áreas especiais da representação russa, disse o diplomata.
No início de junho de 2013, o ex-oficial de inteligência dos EUA Edward Snowden passou à mídia informações sobre os programas da Agência de Segurança Nacional (NSA) de vigilância de cidadãos em todo o mundo. Segundo estes dados, os serviços especiais norte-americanos escutam não só potenciais terroristas e criminosos, mas mesmo dirigentes de diferentes países.
Em junho, a presidência do Conselho de Segurança da ONU passou à Rússia. Atualmente, o diplomata russo Vitaly Churkin está desempenhando duas funções: de representante permanente da Rússia e de presidente do Conselho de Segurança da ONU. Mas nem nessa qualidade ele tem garantias de confidencialidade de sua vida privada ou de suas conversações oficiais – os serviços de inteligência dos Estados Unidos estão escutando seu telefone. No entanto, para Vitaly Churkin isso é uma realidade à qual ele já se acostumou:
“Para mim isso não é uma revelação. E isso não me afeta de forma alguma. Estou absolutamente convencido de que o meu telefone celular está sendo escutado. Eu parto dessa suposição. Em nossa representação há um quarto secreto onde posso discutir certas questões com colegas de forma confidencial, mas nos demais casos eu presumo que estou sendo escutado”.
Mas se para um diplomata experiente, especialmente um representante de um país que durante muitos anos esteve em estado de “guerra fria” com os Estados Unidos, tal situação é comum e previsível, para os aliados ocidentais dos norte-americanos a informação sobre a vigilância foi uma surpresa muito desagradável.
Um ano atrás, o ex-oficial de inteligência dos EUA Edward Snowden revelou informações sobre os programas da Agência de Segurança Nacional (NSA) de vigilância de cidadãos em todo o mundo. Além disso, eram interceptadas conversas e e-mails não só de potenciais criminosos, mas também de dirigentes de diferentes países. Paris e Berlim exigiram explicações de Washington. Na quinta-feira passada, o procurador-geral da Alemanha anunciou o início de uma investigação preliminar do caso de escuta pela NSA do telefone da chanceler Angela Merkel. Os norte-americanos, em resposta, só lamentam que as informações de Snowden estão estragando as relações entre os EUA e seus aliados. No entanto, Washington se recusou a concluir um acordo de proibição de espionagem entre a Alemanha e os Estados Unidos, e o dossier que contém informações pessoais sobre a chanceler coletadas pela NSA, incluindo gravações de suas conversas telefônicas, não foi mostrado nem sequer à própria Angela Merkel.
A recolha de dados pessoais e informações classificadas é o trunfo dos Estados Unidos. Por isso, esperar que os EUA vão se arrepender e encerrar o programa de vigilância não autorizada no exterior é simplesmente ingênuo, diz o especialista em segurança da informação Igor Nezhdanov:
“Os EUA estão tentando controlar quaisquer fluxos de informação. O ideal é controlar tudo. Isso é bastante difícil de conseguir, requer grandes recursos, mas ainda assim é possível. Tudo começou com o sistema Echelon, depois foi o PRISM de que falou Snowden. São tudo elementos individuais de um grande sistema projetado para a coleta global de informações para os Estados Unidos. Isso inclui também, definitivamente, espionagem industrial. Com o mesmo Echelon houve casos quando informação comercial, inclusive pertencente a aliados, era transferida para estruturas comerciais norte-americanas, e elas recebiam uma significativa vantagem competitiva”.
Para proteger os cidadãos russos da vigilância total, pelo menos na internet, o grupo de trabalho da Administração Presidencial da Rússia desenvolveu um conjunto de medidas. Em particular, presume-se que servidores de domínios .RU e .РФ não poderão ser localizados fora da Rússia. Será também introduzida uma proibição de juntar redes regionais e locais de dados a redes de internet estrangeiras.
Medidas semelhantes estão sendo desenvolvidas e implementadas em outros países. Recentemente, empresas estatais chinesas deixaram de usar serviços de tais gigantes como IBM, Oracle e Cisco, em favor de tecnologias chinesas, porque as empresas norte-americanas apoiam a prática da espionagem do governo dos EUA e se tornam uma ameaça à segurança cibernética da China.
Voz da Rússia
segunda-feira, 9 de junho de 2014
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Países desenvolvem medidas de proteção contra vigilância total dos EUA
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