Não. A Marinha não tem previsão de desprogramar (transferir para a reserva) nenhum dos seus submarinos classe Tupi. Ainda que o patamar operacional desses meios, hoje, seja sofrível.
Vamos ao quadro dessa (in)disponibilidade:
O Tupi (S30) encerrou o seu Período de Manutenção Geral e Modernização (PGM/M) no último bimestre de 2014, e a expectativa é de que ainda neste semestre volte a operar.
O Tamoio (S31) está passando pelo PMG/M definido pelo Comando da Força de Submarinos para todos os navios de sua classe, que enfatiza os sistemas de combate. Esse serviço de manutenção deve durar até o segundo semestre do ano que vem.
O Timbira (S32) vem sendo submetido a um Período de Manutenção Intermediário (PMI), mas entre os anos de 2017 e 2019 precisará passar por um Período de Manutenção Geral.
O Tapajó (S33) já cumpriu seu PMG/M e está operacional (com restrições); entretanto, ainda na metade final desta década necessitará parar para um Período de Manutenção Intermediário (PMI).
Já o Tikuna vem sendo submetido a um Período de Manutenção Extraordinário (PME) por causa da substituição de seu hélice. O hélice novo foi adquirido à empresa alemã Thyssen Krupp Marine Systems GmbH, por 347.360 Euros – no fim de novembro do ano passado, valor equivalente a R$ 1.128.294,75. A peça deve chegar ao Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro neste segundo semestre, o que, em tese, permitiria que também este navio voltasse a operar.
Assim, no final deste ano, a Esquadra poderá ter três barcos classe Tupi navegando: o Tupi, o Tapajo e oTikuna (que é um Tupi modificado).
Propulsão – Para mais do que isso, não há dinheiro.
Ano passado o então comandante da Marinha, almirante Julio Soares de Moura Neto foi informado de que os Tupi apresentavam múltiplas evidências de desgaste nos motores. A ordem foi reparar sem sequer pensar na troca da motorização…
O grupo propulsor dos submarinos consiste em quatro motores diesel MTU 12V493 TY60, de 800hp cada, que operam em conjunto com um motor elétrico de 5.000hp. Não seria difícil substituí-los, se houvessem recursos orçamentários para tanto.
Tão ou mais grave do que isso é o esgotamento das baterias.
Os submarinos de propulsão diesel-elétrica se movem no meio subaquático mercê da energia acumulada em suas baterias.
O Comando da Força de Submarinos chegou a planejar o envio de dois dos seus submersíveis, transportados em cargueiros especiais, para a Alemanha, onde a substituição das baterias poderá ser feita de forma mais rápida e mais barata do que no Brasil. Mas, no momento, não há dinheiro para o serviço. Será preciso esperar, talvez, por 2017…
A todas essas variáveis e limitações soma-se, agora, a sucessão de atrasos no Programa de Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB), a cargo da Itaguaí Construções Navais, uma joint venture da francesa DCNS com o grupo brasileiro Odebrecht.
Remarcações – Em 2009, a previsão era de que o Riachuelo, primeiro barco classe Scorpène fabricado no país, pudesse estar pronto em 2015…
Segundo a Força Naval brasileira, o primeiro descumprimento de prazos deveu-se aos problemas da indústria nacional para fornecer material para construção do “casco resistente” do submarino. O outro fator, segundo os chefes navais, foi a dificuldade encontrada pela DCNS para o “fornecimento de peças e alterações de projeto exigidas para atender aos requisitos estabelecidos” pela Marinha.
A previsão inicial foi, então, remarcada para 2016, com a observação de que, após a realização dos testes de cais e de mar, o barco, finalmente, seria transferido ao setor operativo da Marinha em meados de 2017.
Mas em fevereiro passado descobriu-se que os almirantes já trabalhavam com um segundo reajuste de datas: provas de mar por volta do mês de julho de 2017, e entrega do navio à Esquadra no segundo trimestre de 2018.
O problema é que isso foi antes que o ministro da Defesa, Jaques Wagner, viajasse à França, na segunda semana de maio passado.
Premido pelo corte orçamentário derivado do ajuste fiscal, Wagner negociou com a DCNS uma dilação dos prazos do PROSUB – o que empurrará a entrega do Riachuelo para 2019 ou 2020.
Não se trata de problemas técnicos. A questão é, pura e simplesmente, falta de caixa para honrar o pagamento das diferentes etapas da construção do primeiro Scorpène.
Resumo da ópera: para cobrir o hiato produzido pelo atraso do Riachuelo – que acarretará revisão no cronograma de fabricação do Humaitá (segundo Scorpène) – a Marinha do Brasil precisará manter as primeiras unidades da classe Tupi navegando na metade inicial dos anos de 2020.
Isso implica dizer: barcos como o Tupi (S30) e o Tamoio (S31) deverão ser capazes de operar, cada um, por mais de 30 anos.
O S30 deve permanecer na ativa até 2020, perfazendo uma carreira de 31 anos; a previsão para o S31 é de que ele aguente até 2026 – concluindo uma carreira no mar de 32 anos.
Prioridades – A modernização dos submarinos da classe Tupi aprovada pelos chefes navais brasileiros – limitada, fundamentalmente, aos sistemas de combate (sensores, sistema de direção de tiro e unidade de controle do torpedo) e às estações rádio, além de alguns componentes dos sistemas auxiliares da propulsão – deve ser implementada ao longo de dez anos.
Na média, dois anos de trabalho em cada submarino, que acontecerão durante os períodos de manutenção geral (PMG) das unidades, previstos para ocorrer a cada seis anos.
A modernização foi organizada em obediência à seguinte lista de prioridades:
a) sistema sonar, com aproveitamento da parte molhada (hidrofones e cabeamento), que se encontra em bom estado, e substituição do processamento e da apresentação dos sinais;
b) sistema MAGE (equipamento de medidas de apoio à guerra eletrôníca), com substituição do aparelho Thales DR-4000 pelo Defensor, desenvolvido pelo Instituto de Pesquisas da Marinha;
c) substituição dos equipamentos de HF, UHF,VHF e do quadro de amarração de antenas. Setor da remodelação que, por independer dos períodos de docagem ou de reparos, foi executada ainda em 2014 nos submarinos Tupi e Tamoio;
d) equipamentos periféricos auxiliares dos sistemas de combate e de navegação, como mesa de plotagem, sistema inercial de navegação e VELOSOM. Este último equipamento permite medir a velocidade do som no meio subaquático. Em função da temperatura, da pressão e da salinidade, a propagação das ondas acústicas emitidas pelo sonar apresenta variações, gerando zonas de maior ou menor probabilidade de detecção, e permitindo ao submarino, em função disso, identificar as melhores profundidades para escuta e para evasão;
e) mudança do gás refrigerante do sistema de ar-condicionado para o Isceon-49, visando ao atendimento de novos requisitos ambientais (o Freon-12 foi proibido) e à otimização do desempenho do sistema;
f) substituição do equipamento destilatório, com a instalação de grupos de osmose reversa;
g) substituição de alguns componentes de sistemas auxiliares, como: bomba de circulação de água salgada, condensadores do equipamento frigorífico, medidores de gases (H2, O2, CO2 e fluídos diversos) e itens menores; e
h) instalação do Sistema de Combate AN/BYG-501 mod. 1D para deixar as unidades aptas a operar com torpedos pesados MK-48 mod.6AT.
Em novembro de 2014, a MB adquiriu meia dúzia de sistemas de combate Lockheed Martin AN/BYG 501 MOD 1D.
Um foi montado na Base Almirante Castro e Silva, no Rio de Janeiro, para servir ao treinamento das tripulações, e os outros cinco vêm sendo instalados nos submarinos classe Tupi e no Tikuna, à medida em que os navios vão sendo submetidos aos seus respectivos PMG.
Plano Brasil
O governo do PT faliu o país.
ResponderExcluirPraticamente nada do que foi prometido para a área de defesa no governo Lula se concretizou.
Os sistemas de defesa aérea Pantsir que seriam utilizados na Copa do Mundo ainda não foram comprados, como também não foram comprados os caças Gripen.
Os 2044 veículos Guaranis que iriam ser encomendados só foram entregues uns 13.
A previsão seria de que todos fossem entregues ao longo de 20 anos. Daqui pra lá, caso sejam entregues (que eu acho difícil), já estarão mais do que superados.
A Marinha não consegue nem fazer a manutenção dos subs existentes. Imagine comprar mais quatro Scorpenes. Acredito até que o consórcio formado entre DCNS e a Odebrecht possa ser desfeito, tendo em vista que a Odebrecht está altamente enrolada na Lavajato.
Se os subs forem entregues daqui a 12 anos, também já estarão superados tecnologicamente.
O quadro é de caos devido a irresponsabilidade, a falta de competência, a falta de habilidade e incapacidade do governo PTista em fazer um governo decente.