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sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Marinha argentina lembra a geografia da Guerra das Malvinas ao batizar seus navios comprados aos russos

Neftegaz61
O novo ARA “Puerto Argentino” (A-21)

Pode parecer provocação, e é possível que, em parte, seja mesmo.

A Marinha Argentina decidiu batizar os seus quatro supply ships de construção polonesa (na década de 1980) da classe Neftegaz, comprados a uma empresa de atividades offshore russa, com os nomes de acidentes geográficos que ganharam fama durante a Guerrra das Malvinas, entre abril e junho de 1982.

Os argentinos se recusam a aceitar o domínio britânico sobre o arquipélago das Malvinas, que os ingleses chamam de Falkland Islands.

O conflito matou 649 argentinos (quase todos militares), deixou milhares de outros feridos e acarretou, em consequência dos traumas do campo de batalha, mais de uma dezena de suicídios.

Mas o governo Cristina Kirchner decidiu aproveitar a aquisição das quatro embarcações para reviver todo esse episódio.

O barco Neftegaz 61 será rebatizado como ARA Puerto Argentino (A-21), nome de Port Stanley, a capital das Malvinas, durante os pouco mais de dois meses de ocupação por tropas argentinas.

O Neftegaz 51 irá se chamar ARA Estrecho de San Carlos (A-22), em homenagem ao canal que separa as principais as duas principais ilhas do arquipélago malvinense: Soledad, a leste – onde fica Port Stanley –, e Gran Malvina, a oeste. O nome foi dado pela tripulação do navio espanhol San Carlos, que visitou esses territórios insulares em 1768.

Neftegaz 51
ARA “Estrecho de San Carlos” (A-22)

O Tumcha receberá o nome de ARA Bahía Agradable (A-23), reentrância do litoral sudeste da Ilha Soledad que os ingleses conhecem por Bluff Cove – cenário de uma memorável batalha aeronaval no dia 8 de junho de 1982, durante a fase final das hostilidades.

Tumcha2
O ARA “Bahia Agradable” (A-23) já com a pintura cinza solicitada pela Armada Argentina

O Neftegaz 57 será batizado com o nome de ARA Islas Malvinas (A-24), denominação que, a princípio, os chefes navais argentinos reservavam para o primeiro dos seus novos navios-patrulha oceânicos.

Neftegaz 57
ARA “Islas Malvinas” (A-24)

Solicitação – Os barcos Neftegaz foram comprados no início de 2014, por 8,16 milhões de dólares. Entretanto, os gastos com a preparação para a viagem deles dos portos russos de Arcangel e Murmansk até a Argentina já elevaram essa quantia acima dos 11 milhões de dólares.

Os navios medem 81,3 m de comprimento, têm boca de 16,3 m e deslocamento (vazio) de 2.723 toneladas. A tripulação ainda será definida pelo comando da Armada Argentina, mas deverá ficar entre 25 e 30 militares. Os barcos deverão chegar no último trimestre desse ano, com pequenas equipes de 3 a 5 marinheiros civis russos em cada um. Durante a travessia marítima, esses tripulantes auxiliarão os argentinos na operação e supervisão do funcionamento dos motores.

As novas unidades serão recebidas na Base Naval de Puerto Belgrano, com uma grande solenidade que já tem, confirmada, a presença da presidenta Cristina Fernández de Kirchner.

Os Neftegaz ganharam fama internacional em maio de 2014, quando o site brasileiro Defesanet noticiou que os navios haviam sido concebidos para manobrar plataformas marítimas de exploração de petróleo – o que, em tese, as habilitam a interceptar e capturar as plataformas que empresas britânicas estão alugando para explorar petróleo ao norte da Ilha Soledad.

Uma dessas plataformas, pertencente a uma companhia grega, já está em operação, a 100 km do litoral malvinense.

“Frota do Gelo” – O Governo de Buenos Aires admitiu que os navios serão incorporados à sua frota que irá operar nos mares austrais – a chamada “Frota do Gelo” –, a partir da base naval de Ushuaia, no extremo sul do país, mas já deu várias garantias (verbais) de que eles irão apenas substituir velhos rebocadores de origem americana dos tempos da 2ª Guerra Mundial, que, arvorando o pavilhão argentino e classificados como “avisos”, cumprem missões de salvaguarda da vida humana no mar, patrulhamento contra a pesca predatória e abastecimento das bases argentinas na Antártida.

Uma solicitação de explicações do deputado oposicionista Julio César Martínez, da União Cívica Radical (UCR), ao Ministério da Defesa argentino, acerca dos reais propósitos dessa aquisição, ficou sem resposta.

Julio César Martínez
Diante da falta de aptidão dos navios comprados aos russos para cumprir missões de patrulhamento ou salvamento no mar, o Deputado Martínez, da UCR, solicitou do Ministério da Defesa um esclarecimento oficial acerca do destino que será dado a esses barcos; mas ficou sem resposta

Martínez observou que os navios da classe Neftegaz (a) são extremamente lentos – velocidade máxima de 16 nós (!) –, (b) não possuem instalações para receber náufragos ou vítimas de desastres naturais, (c) estão desprovidos de convés para o pouso de helicópteros, e (d) mesmo para as tarefas de reboque contam com apenas um guincho de possibilidades bastante limitadas.

Em alguns círculos militares e nos bastidores do governo argentino há muitas críticas à real possibilidade de emprego militar desses navios. Comenta-se que cada Neftegaz receberá uma canhão de 40 mm na proa, além de metralhadoras pesadas em ambos os bordos, mas a dúvida é que utilidade terão essas armas para uma embarcação que não possui velocidade para interceptar nem mesmo um moderno barco de passeio.

Plano Brasil

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